E de tanto deixar o tempo cuidar de tudo, as coisas saíram do lugar e eu apenas passei, não vivi.
Apenas habitei o corpo, bebi copos meio cheios, deixei outros tantos vazios.
Na verdade eu me tornei uma pessoa vazia, entretanto, desesperadamente comecei a procurar, mas não sabia o que havia perdido, não sabia o que tinha ficado para traz. Houve um conflito, internamente e de forma descontrolada, as coisas saíram do lugar, saíram dos trilhos, o mundo caiu, o céu escureceu. Não haviam estrelas, não haviam pessoas, não existia mais nada e tudo se perdeu.
Na verdade não estava tudo perdido, era preciso desconstruir, derrubar paredes, desfazer muralhas, muito ficou exposto, pois o terreno estava cheio de entulhos, velhas lembranças, mas o solo permanecia fértil e era só isso o necessário.
O tempo para reconstruir é importante, mas não é o principal. Toda boa obra desprende esforço, analise, dedicação, o tempo é apenas intermediário, mas as ações devem ser diárias e não necessariamente rotineiras. Para cada espaço uma ação, uma cor, um tom. Para cada momento um objetivo diferente, para que assim haja vida e não apenas habitantes.